quinta-feira, 29 de julho de 2010

Eu queria me vestir de sol
só pra fingir por um dia apenas
que o céu tem a cor do meu violão.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Ele olhou-me nos olhos. Diferentemente dos outros, ele não simplesmente me viu. Ele me enxergou, me notou. Foi durante alguns segundos apenas. Após esse momento memorável, não pude mais narrar. Baixei os olhos. Talvez ele tenha baixado os dele igualmente. Não pude ver. Minha visão foi preenchida pelo asfalto. Pela cor fria do asfalto. Meu encabulamento foi maior que meu desejo de sustentar aquele olhar. Olhar sincero, caloroso. Olhar meigo, cativante.
Provavelmente, nunca mais nos encontraremos. O momento foi e passou – mas não por completo. Permanece em minha mente, nos meus pensamentos. Está dentro de mim. Teve-me como protagonista. Ficará para sempre na minha história.
Não nos conhecemos. Não nos conheceremos. O encanto está presente na circunstância. Na ilusão. Nas fantasias. No desejo de desvendar o outro através de um olhar, apenas. E talvez a maior gratificação seja essa: não poder desfazer o enigma. Mergulhar num nebuloso filme em que o outro é aquilo que sempre se desejou. E por mais que não o seja, o será eternamente após o encontro daqueles olhares esperançosos, curiosos, sedentos.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Tudo se confundiu de uma maneira tão profunda que cheguei a esquecer das minhas paixões... a cama me pareceu tão convidativa e confortável; os pensamentos negativos e a auto-crítica se tornaram meus melhores amigos.
Eu queria esquecer de tudo, mas não ao ponto de esquecer de mim mesma. E nisso eu falhei, errei. Vivi por um tempo aprisionada dentro de mim mesma. Me perdi dentro de mim. Não soube achar os termos corretos e muito menos a vontade, o desejo. Esqueci as minhas vontades, desejos, aspirações. Minha visão foi tomada pela dor e embaçada pelo sofrimento.
Não ligo se há repetição de palavras. Esse é um texto de desabafo. Preciso me reacostumar a escrever as coisas certas, no momento certo, no tempo certo, no ritmo certo. Faz tanto tempo que eu chego a ver as palavras tão surpresa quanto veria um parente desconhecido.
Me desculpe por tudo. Eu não deveria ter sucumbido, não deveria ter te deixado de lado. Mas assim foi. Agora não dá pra voltar atrás. Agora posso simplesmente tentar te recuperar, e começo desde já.