sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Começo, meio e sem-fim


Eu não sei. Não sei o que se passa pela minha mente neste momento. Não sei o que aconteceu a mim mesma. Alguma coisa deteriorou a minha alma tão profundamente, que já nem consigo construir meus castelos de palavras, de sonhos.
Me dê a sua mão, me leve consigo. Estou perdida em um canto dentro de mim. Por favor, me encontre. Me encontre para que possamos nos perder juntos em um lugar bem longe. Me tire daqui; ofereça-me seu cálice de palavras pintadas de ouro que têm gosto de pedaços do paraíso.
Quero me afastar de mim. Quero me aproximar de você para me encontrar novamente. Quero enlouquecer para recobrar a sanidade, pois não estou sã e muito menos louca. Quero sofrer pelos motivos corretos e ser feliz pelos caminhos mais duvidosos.
Deitada em minha cama, mal posso esconder meus sintomas. Sinto-me fraca, e fraca de alma. Não tenho mais a vitalidade de um coração jovem, por mais que o seja. Sinto-me enterrada num lugar muito mais profundo que meu corpo; sinto-me afundar lentamente por entre os devaneios líricos que me submeto todos os dias.
Meus olhos estão se fechando. Me refiro aos olhos do coração. Não mais enxergo as belezas do mundo ou a simplicidade de gestos de carinho, cotidianos. Preciso de carinho. Faça-me ver a pureza e a magia de um abraço, de um beijo. Preciso de você. Aqui. Agora.
Não me abandone, nem que eu te suplique. Não deixe de me entender, mesmo que minhas palavras e meu jeito sejam turvos. Não se deixe entrar no meu jogo. Não sinta-se envolvido pela minha aparente frieza. Eu sou mais que isso, eu juro, mas ainda não consigo demonstrar. Entenda que eu, mais do que ninguém, sou enganada por mim mesma. Caio nas minhas próprias armadilhas e deixo-me seduzir pela contraditória facilidade da estrada da solidão.
Eu sei que ainda posso ser salva. Eu sei que posso sair daqui. Eu sei que ainda tenho conserto. Eu sei que posso ser desmontada e reconstruída. Só não sei por onde começar.

Um comentário:

Barbara Cunha disse...

Peguei suas palavras para mim.
Nem ao menos posso dizer que as peguei emprestadas.
Não! Tomei mesmo. Me apossei delas.
Pretensiosa, escolhi recebê-las como se fosse esse o seu destino.
Agora estão guardadas comigo.
E seguirão comigo até que já não façam mais sentido algum.